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Entre likes e comparações: como as redes sociais influenciam a autoestima e o autoconceito de jovens

  • IKIGAI - Equilíbrio Digital
  • 8 de ago.
  • 3 min de leitura
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As redes sociais transformaram a forma como crianças e adolescentes interagem, oferecendo oportunidades de conexão, mas também os expondo a processos intensivos de comparação social. Durante a adolescência, fase crucial para a construção do autoconceito e da autoestima, a visualização contínua de conteúdos cuidadosamente editados por pares pode gerar expectativas irreais sobre aparência, status e habilidades, contribuindo para sentimentos de inadequação.

 

Comparação social nas plataformas digitais

Segundo a Teoria da Comparação Social, proposta por Festinger (1954), as pessoas avaliam suas próprias capacidades e opiniões ao se compararem com outras. Nas redes sociais, em que predominam publicações idealizadas, predominam as comparações ascendentes (upward comparisons), nas quais o usuário se vê “menos feliz” ou “menos bem-sucedido” em relação aos pares. Esse tipo de comparação tem sido consistentemente associado à uma diminuição do bem-estar subjetivo e da autoestima em jovens usuários.

 

Evidências sobre autoestima e autoconceito

Um estudo de observação diária realizado com crianças e pré-adolescentes demonstrou que o uso frequente de redes sociais está relacionado à redução de aspetos do autoconceito, como “autoestima positiva”, e ao aumento de “autoestima negativa”. Outro ensaio clínico controlado indicou que restringir o uso de redes sociais a apenas uma hora diária por duas semanas resultou em aumento significativo da autoestima relacionada à imagem corporal em adolescentes, em comparação com o grupo controlo em que não não foi submetido à restrição do tempo de exposição.

Além disso, uma investigação recente na área da saúde mental e das adições encontrou correlação negativa entre níveis de “vício em redes sociais” e autoestima em adolescentes, com a imagem corporal atuando como mediadora parcial dessa relação. Ou seja, quanto maior o uso compulsivo de redes sociais, maior a insatisfação com o corpo e menor a autoestima geral.

 

Impactos no desenvolvimento do autoconceito

Durante a adolescência, o autoconceito se amplia de simples perceções sobre aparência para incluir habilidades académicas, relacionamentos e valores pessoais. No entanto, as redes sociais focam predominantemente em aspetos visuais e em indicadores quantitativos de popularidade (número de likes e seguidores), distorcendo a perceção que jovens têm de si mesmos. A busca por validação externa passa a exercer papel central, tornando a autoestima vulnerável à variações de feedback digital.

 

Fatores de vulnerabilidade

Nem todos os jovens são igualmente afetados. Estudos sugerem que adolescentes com maior predisposição a insatisfação corporal ou com histórico de ansiedade/depressão são mais suscetíveis aos efeitos negativos das comparações online. Há ainda diferenças de género: meninas tendem a ser mais impactadas em termos de autoimagem, enquanto meninos podem sofrer mais com questões de desempenho e status social.

 

Estratégias de proteção e intervenção

Intervenções psicossociais têm mostrado eficácia ao reorientar a forma de engajamento nas redes sociais. Um estudo piloto de intervenção online propôs a prática de “social savoring” (apreciação genuína das conquistas alheias) como alternativa à comparação, resultando em aumento de bem-estar e redução de sentimentos de inveja. Outras abordagens incluem:

  • Educação digital: ensinar sobre curadoria e seleção de conteúdo, para que os jovens compreendam que nem tudo reflete a realidade.

  • Mindfulness e autoaceitação: práticas de atenção plena ajudam a reduzir a reatividade emocional a estímulos comparativos.

  • Limites de uso: incentivar pausas programadas longe das telas e estabelecimento de “zonas livres” de redes sociais, promovendo hobbies offline.


As redes sociais não são inerentemente nocivas, mas amplificam a tendência humana à comparação social, especialmente entre crianças e adolescentes em formação. A literatura científica atual indica que o uso intensivo e a exposição contínua a vidas idealizadas podem fragilizar o autoconceito e a autoestima, com efeitos potencialmente duradouros. Medidas preventivas que promovam o uso crítico e compassivo dessas plataformas mostram-se promissoras e devem ser difundidas por famílias, escolas e profissionais de saúde mental.

 
 
 

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